DA NECESSIDADE DAS HISTORIAS E DOS SONHOS I
ESPELHO
Tenho cadernos e cadernos cheios de historias incompletas,muitas vezes nem sequer vou alem da primeira frase. Quando nao consigo compreender o que esta a acontecer a minha vida comeco a escrever uma historia, invariavelmente.
As unicas vezes em que parei completamente de inventar historias e jogos de palavras foi quando estive clinicamente deprimida. Li num artigo, na Scientific American, que os deprimidos sonham mais do que as pessoas saudaveis, e talvez o acrescimo de sonhos explique o desaparecimento das historias. O sonho e a efabulacao, tal como eu os vivo, sao processos cuja natureza e muito semelhante.A experiencia do mundo e tao rica e diversa que nao pode ser contida numa unica percepcao, e necessaria uma visao multipla e repetida. Dessa necessidade nascem os sonhos e as historias, que sao um teatro que a alma encena para poder confrontar-se consigo propria, uma revisao e contextualizacao das vivencias e acontecimentos da vida quotidiana e exterior. Embora a substituicao da minha perspectiva pelas de personagens inventadas seja um artificio,(no fundo nunca vou deixar de ser eu propria),da multiplicidade de pontos de vista resulta uma compreensao mais clara e profunda de emocoes e acontecimentos, muito diferente da que teria se escrevesse diarios ou live journals.
As unicas vezes em que parei completamente de inventar historias e jogos de palavras foi quando estive clinicamente deprimida. Li num artigo, na Scientific American, que os deprimidos sonham mais do que as pessoas saudaveis, e talvez o acrescimo de sonhos explique o desaparecimento das historias. O sonho e a efabulacao, tal como eu os vivo, sao processos cuja natureza e muito semelhante.A experiencia do mundo e tao rica e diversa que nao pode ser contida numa unica percepcao, e necessaria uma visao multipla e repetida. Dessa necessidade nascem os sonhos e as historias, que sao um teatro que a alma encena para poder confrontar-se consigo propria, uma revisao e contextualizacao das vivencias e acontecimentos da vida quotidiana e exterior. Embora a substituicao da minha perspectiva pelas de personagens inventadas seja um artificio,(no fundo nunca vou deixar de ser eu propria),da multiplicidade de pontos de vista resulta uma compreensao mais clara e profunda de emocoes e acontecimentos, muito diferente da que teria se escrevesse diarios ou live journals.
As minhas historias e os meus sonhos sao espelhos em que me vejo.
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Imagem: Sean Kernan
3 Comments:
Vi o teu comentário no Luz&Sombra e vim logo cuscar ;)
Gostei bastante deste texto.
Estava eu aqui a espreitar as palavras deste teu blog e quando me deparei com este texto, não consegui parar de ler porque parecia eu própria a falar por muito melhores palavras, claro. É exactamente o que se passa comigo. Sempre achei que seria apenas preguiça ou até mesmo falta de jeito ou veia literária, a razão de ter montes de páginas só com inícios de textos e que por isso não merecia ser chamada "escritora" (sim, eu sei, é ridículo). São tantos os textos que tenho por acabar!... (E duvido que alguma vez os acabe.)
Em relação ao sonho, penso que estou nessa fase. Quase não consigo escrever, de cada vez que tento começar uma história sinto-me uma aleijada e simplesmente não consigo escrever nada satisfatório. Sonho, imagino, crio mentalmente, mas o papel continua vazio. Então, vou-me refugiando nas palavras dos outros enquanto posso. Por outro lado (o positivo), penso que esta pode ser mais uma fase de reflexão e que o próximo período fértil (se vier) seja melhor que todos os outros. Costuma ser assim (quando o é), não é verdade?
Bem, já "falei" demais se calhar.
Enfim... queria mesmo dizer que adorei a forma como fizeste esta caracterização e que tens uma escrita bonita, fluente.
Beijinho*
P.S. A imagem está lindíssima e muito adequada ao tema. Boa escolha :)
:-)
Acho que todos temos estes textos escritos e nao acabados...
Boa sorte com o teu alemao.
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