WHY CAN'T THE PORTUGUESE TEACH THEIR CHILDREN HOW TO SPEAK?
(And some manners along the way)
Ja e a terceira vez que me acontece uma destas, e eu comeco a achar que isto tem significado estatistico. Cada vez que no Imperial College me apresentam um portugues que tirou o curso no Instituto Superior Tecnico, e os meus amigos cada vez que encontram um exemplar destes fazem questao de mo apresentar, ouco a tirada:"Tu es do Norte, nao es? Esse "sutaquezinho" nao engana ninguem, carago!". Agora imaginem isto dito com um arzinho de superioridade e numa imitacao de sotaque portuense de pechisbeque.
Eu nao ponho em questao o facto de falar a Porto,porque nao sou surda e ouco a minha propria voz. Mas e um sotaque perfeitamente passavel,raramente uso diminutivos e muito menos carago...quando e preciso recorrer a jaculatoria faco-o como deve ser e com palavroes a serio, e mais provavel que use referencias ao quercus roble do que uma palavrinha tao anodina como carago.
Nao me parece que seja boa educacao fazer comentarios sobre a maneira como as pessoas falam, acho que revela uma certa mesquinhez. Presumir automaticamente que a forma como agimos e reagimos perante uma dada situacao e a norma e o correcto revela muitas vezes uma visao muito estreita do mundo, um conhecimento limitado a sua propria rua e indisponibilidade para abrir o espirito e o coracao ao que e diferente.Infelizmente tenho conhecido uma serie de portugueses em Londres que espiritualmente nunca deixaram o seu quintal, e o fenomeno e transversal e independente do background de origem. Mas tambem nao e isso que esta aqui em questao.
O que eu quero mesmo dizer e o seguinte:a quem nasceu e foi criado no Porto a maneira de falar tipica de Lisboa tambem soa estranha,creio que sobretudo devido a ausencia de ditongos. E sabem que mais, queridos leitores, o professor Higgins era um snob e a Eliza Dolittle que falava cockney cerrado e vendia violetas em Covent Garden valia bem todas as society ladies de Londres e mais o seu Queen's english.Os nossos sotaques e nao sao necessariamente maus ou bons-sao apenas uma das muitas expressoes da riqueza e diversidade cultural portuguesas.
Eu nao ponho em questao o facto de falar a Porto,porque nao sou surda e ouco a minha propria voz. Mas e um sotaque perfeitamente passavel,raramente uso diminutivos e muito menos carago...quando e preciso recorrer a jaculatoria faco-o como deve ser e com palavroes a serio, e mais provavel que use referencias ao quercus roble do que uma palavrinha tao anodina como carago.
Nao me parece que seja boa educacao fazer comentarios sobre a maneira como as pessoas falam, acho que revela uma certa mesquinhez. Presumir automaticamente que a forma como agimos e reagimos perante uma dada situacao e a norma e o correcto revela muitas vezes uma visao muito estreita do mundo, um conhecimento limitado a sua propria rua e indisponibilidade para abrir o espirito e o coracao ao que e diferente.Infelizmente tenho conhecido uma serie de portugueses em Londres que espiritualmente nunca deixaram o seu quintal, e o fenomeno e transversal e independente do background de origem. Mas tambem nao e isso que esta aqui em questao.
O que eu quero mesmo dizer e o seguinte:a quem nasceu e foi criado no Porto a maneira de falar tipica de Lisboa tambem soa estranha,creio que sobretudo devido a ausencia de ditongos. E sabem que mais, queridos leitores, o professor Higgins era um snob e a Eliza Dolittle que falava cockney cerrado e vendia violetas em Covent Garden valia bem todas as society ladies de Londres e mais o seu Queen's english.Os nossos sotaques e nao sao necessariamente maus ou bons-sao apenas uma das muitas expressoes da riqueza e diversidade cultural portuguesas.
13 Comments:
Ora,l quem fala assim nao e gago, carag... oooppsss... ;-)
deixa la, as gentes do norte vingam-se de vez em quando - havias de ver outro dia 6 nortenhos a "massacrar" uma "alfacinha" em termos de riqueza linguistica! E quem nao sabe o que e um molete, um foguete ou uma cruzeta, que atire a 1a pedra!!! Para verificar quanto se sabe dos regionalismos nortenhos (sim, pq desculpem la, isto nao e so Porto!!!) e so ir a http://kaser.nsk.pt/puorto.htm!
Concordo com tudo o que dizes, e muitas vezes dou por mim a incorrer em alguns dos erros que apontas, emora não seja de Lisboa e fique solenemente encanitada quando ouço os alfacinhas 'imitarem' alentejanos. A imagem que nos chega pelos meios de comunicação social também é distorcida. As pronúncias regionais vêm quase sempre associadas a um elemento folclórico ou, no caso do Porto, àquilo que o Porto tem de pior - os adeptos fanáticos do FCP. Nas séries, nas novelas, mesmo as passadas no Norte, ninguém fala à Norte - ou melhor, ninguém falava. Há meses estreou uma novela na TVI, péssima como todas as escritas por Tozé Martinho, mas com um núcleo de acção passado no Porto, com excelentes actores locais. Pessoas 'normais', tal qual nós aqui em baixo (mais aquele toque 'fashion' que me impressiona sempre que subo ao norte), mas com sotaque bem marcado. Se essa tendência continuar, é bem possível que a malta aqui de baixo abandone a ideia da 'bimbalhice' nortenha. Não te esqueças que, para muito boa gente das duas cidades, é mais comum ir a Londres do que à outra cidade portuguesa. Eu também me deparei com uma boa dose de 'murconzice' quando estive no Porto. Pronto, foram os meus 2 cêntimos.
nisso concordo contigo Ana, a bimbice esta democraticamente distribuida por Portugal e extravasa para as comunidades emigrantes, ate refina. O facto de viver num pais estrangeiro em vez de abrir os horizontes de algumas pessoas parece e despoletar o provincianismo latente. E outra coisa que sempre me fez especie e o facto de muito bom portugues nao conhecer nada para alem da regiao em que vive e das sacrossantas prais do Algarve
Oh metis, eu sei que tu tens raizes nas beiras, la dos lados de Coimbra. so assim e que se explica que conhecesses os spots de pic-nic da Lousa e o restaurante dos patinhos em Tentugal...nao sei se te reconheca o estatuto nortenha de raca pura ;-P. para mim sitio onde a cegonha faz o ninho ja me cheira muito a sul...
Pois, raizes das beiras e costelas transmontanas, mas tudo acima do mondego!!! eheheheh
Alem disso, segundo o tal teste, sou tripeira de gema!!! :-D
As unicas pessoas que me tiravam do Covent Garden era o Howard Moon ou o Vince Noir. E sempre que alguem adivinha de onde eu sou pelo sotaque dou-lhe um rebucado.
Todos os dias deparo-me com essa situação... a mim, como não reconhecem bem o sotaque perguntam sempre: "Tu és de onde?"
axiom: New Shows Announced.
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podiamos tentar ir ao de dia 20 no Brixton Academy---provavelmente tu a paula e eu porque o Luis faz sempre questao de dizer que nao acha piada nenhuma ao Boosh
patxocas: eu normalmente nao me chateio quando as pessoas me perguntam de onde sou, nao gosto e que se armem em parvas e presumam que falam melhor que eu :-)
Concordo contigo, embora a minha experiência negativa venha exactamente de pessoas do Norte, contra as quais rigorosamente nada tenho, aliás eu própria tenho uma costela nortenha e gosto muito da frontalidade dos nortenhos, passe o estereótipo... Quando temos acções de formação em conjunto e se juntam professores do país inteiro, irrita-me solenemente que me abordem sistematicamente da mesma forma Vocês lá de Lisboa também fazem isto ou aquilo?. Nunca somos nós professores, são eles e os outros, os lá de Lisboa. Não me passa pela cabeça abordar um colega meu e perguntar-lhe com o mesmo acinte E vocês aí do Porto? Acho uma falta de educação. O mais rídiculo foi uma vez que fui para a Alemanha e que duas colegas de Braga que também iam me disseram que como eu era lá de Lisboa pensavam que fosse em voo directo. A questão do voo prendia-se com um factor, era mais barato 100 euro e portanto para mim a escolha foi feita em função disso. Durante uns dias a conversa manteve-se e então lá em Lisboa...? Respondi que não fazia a menor ideia como era lá em Lisboa, que eu era um híbrido, fruto da mestiçagem entre o Norte, o Brasil e a vivência na região saloia. Acho muito desagradável este tipo de rotulação em qualquer sentido.
LOL,agora fizeste-me lembrar os 2 Stevens aqui do gabinete, um do Norte e o outro do Sul de Inglaterra e as suas habituais saudacoes:
-Ola parolo do Norte!
-ola mariconco do Sul!
E depois comecam a tentar recrutar-me cada um para o seu campo: um tem a teoria que eu tenho que torcer pelo sul porque Portugal esta a sul de Inglaterra e o outro diz que isso nao interessa nada porque eu sou do Norte de Portugal e norte e norte.
Esses Stevens devem ser divertidos. Eu, que sou, essencialmente, um híbrido de alfacinha e cascaense, de várias gerações em ambos os casos, acho os sotaques cada vez mais interessantes. Aliás, só na região de Lisboa, para além daquele tom sem ditongos e érres carregados (é assim que eu falo), há também o lisboeta chunga estilo Cais do Sodré (que poderia corresponder ao cockney londrino), um sotaque da região saloia, que faz lembrar o do Ribatejo ou Alentejo (embora mais suave), e o de tia palerma aqui da linha de Cascais (embora algumas que não são nada tolas também assim entoem...)
eu tambem nao aprecio particularmente o espirito aldeia gaulesa de alguns nortenhos, papalagui
Eu só dei o meu exemplo. Há gente assim em todo lado :))
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